quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Rua de paralelepípedos


As janelas de olhares fixos; umas condenam outras, abençoam
E as casas repletas de pessoinhas cada uma com seu mundinho
Muitos deles bem medíocres; mas todos com seus medos e anseios
Seus malditos assassinaram o amor!
E eu com meus mil olhos de libélula observo a todos...
Agora voltarei ao doce abraço da escuridão
Sozinho no meu quarto em contato direto com meu eu
Existir e só mais um dos problemas do ser humano
Às vezes e bem ridículo sentir saudade do futuro
Mas e inevitável assim como o inverno que sempre chega.
Você já provou da felicidade? Sabe como ela e?
Como e o seu rosto? O seu cheiro? Seus medos? Seus sonhos?
Eu um dia já cheguei bem perto dela a ponto de sentir o seu perfume
Que tem um doce aroma de primavera
Mas não pude tocá-la porque me importei com os seres das janelas
Acredito que existem pessoas que não suportariam vê-la
Pois já se apegaram de mais com a melancolia a ponto de amá-la
Gosto de observar a rua que e varrida pelo vento gelado da noite
Ela com suas árvores e seus paralelepípedos, tão calma
 Tem um amor platônico; se apaixonou pelas nuvens
Pelos seus vários formatos e densidades, pelo seu choro que molha a terra
Ela as inveja por deixarem ser levadas pelo vento...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Chuva

Eu sei que tu lambuzas a ti com tua melancolia
A ama, e não quer que ela vá embora
Tem medo de perder a tua identidade menina?
Apaixonou- se por idéias, inacessibilidades
Teme o comum e o despreza, inconseqüentemente
Miro-te a face e vejo a tua maquiagem borrada
Olhar baixo e introspectivo, tu estas tentando se encontrar
Tolice o “eu” não existe ele e uma criação humana
Somos apenas copias, pequenas coisas de muitas
E essas lágrimas são verdadeiras?
Sinto o cheiro do seu medo da vida e da morte
Apesar de você ser mais familiarizada com a ultima
Mas não se sinta tola todos os humanos sentem a mesma coisa
Vamos embora vai começar a chover...
Não, não espere vamos ficar na chuva
Quem sabe ela nos trará esperanças ou ate mesmo fantasias
Fiquemos nus e gozemos de nossa suposta liberdade
Já chega de sermos nós mesmos por hoje...
Ponha sua mascara de menina feliz e vamos embora.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Narciso

A melancolia e a tristeza se aproximam imponentes
Nada as pode deter, nem mesmo a minha estranha paixão por mim mesmo
Fico pensando se sentir desejo pelo meu próprio corpo e errado e insano
Mas essa insanidade me excita e me distrai do mundo que chora lá fora
A minha imagem refletida no espelho me agrada de uma forma chocante
Passo horas a frente do espelho admirando a minha beleza
Esse apresso por mim mesmo está ameaçado porque me encontrei em outra pessoa
Com outro rosto, outro sorriso, outro corpo, mas com a mesma alma
Os mesmos pensamentos as mesmas emoções, os mesmos desejos
Acredito que um dia no passado éramos um
E fomos separados por alguém em duas partes
Cada um com um corpo, mas com a mesma essência de espírito
 Duas pessoas que se procuram até serem varridas pela morte
E sofro pela ausência do eu em outro ser
E o luto me consome a ponto de agora estar no fim da vida
Indo em direção aos gélidos braços da desconhecida
Vendo o meu sangue escorrer por fendas abertas por uma lamina afiada
Em um cenário sombrio e escuro, esquecido, sozinho...
Então me entrego a que um dia se denominou morte. 

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Mundo de Rafa

Olhos pequenos de cumplicidade espontânea, cílios volumosos
Gestos impares que só tu tens, afeto constante, amor complacente
Momentos singulares de corações acelerados e respirações ofegantes
Beijos voluptuosos e abraços de serpente
Olhares indecifráveis, efêmeros, mas de renovação instantânea
Mentes conturbadas de desejos e incertezas
Desejos esses que não podem ser vividos a fundo
Por causa dos olhos julgadores dos que não foram capazes de amar
Vem, fuja pro meu mundo onde as fantasias e os pensamentos insanos são permitidos
E a moralidade e só mais uma cadela fétida de rua
Esse e o lugar onde as abstinências são punidas com pena de morte
Invada meu mundo e venha reinar comigo
Aqui você pode ser o que você quiser ser.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Caras Desfocadas

Você já ficou atento as pessoas ao seu redor?
Percebeu que elas não usam seus próprios rostos?
Idealizam personagens e os usam, cada um em sua ocasião
Mas porque isso acontece?
Será a maldita ditadura social ou só medo de admitir seus defeitos?
Infeliz sala das caras desfocados, sem expressão
O que se passa em sua mente o que diz seu coração
Desprezível alma sem adornos, sem cheiro, sem relevo
Sei que tu me invejas, eu sei o que você pensa, posso invadir sua cabeça
Manipulo-te como se fosse uma simples marionete e você nem percebe
Deseja-me, me olha, me sente, mas como uma jóia em uma vitrine
Finge que não pensa em prazer toda vez que vê o meu corpo
Sente um frio na barriga e um calor repentino
Disfarça e se envergonha tenta pensar que e só um devaneio
Mas você me quer
Tem sonhos eróticos comigo e se lambuza em seus próprios líquidos naturais
Chora por não ter coragem de ter meu corpo sob o teu
Diga pra vadia da ética tomar no cú
E viva o que você deseja viver. 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Espetáculo


Estamos deitados ao chão com velas de aroma, vermelhas, espalhadas pelo quarto...
No aroma do cômodo, está misturado o cheiro das velas e o do teu perfume...
Um lençol de ceda envolve nossos corpos já umedecidos pelo suor dos mesmos...
As pétalas de rosas que repousam ao chão formam um caminho que te traz ate mim...
Os sons abafados que expelimos mostra que um dos maiores sentimentos está presente...
As mãos que se movimentam em ordem dessincronizada tentam escrever na pele tudo o que compõe o amor...
A luz da lua que atravessa a porta de vidro do quarto nos destaca do resto das coisas como se fossemos protagonistas de um espetáculo... 
 E as espectadoras que nos observam do alto, as estrelas, brilham de inveja da nossa paixão...
As pupilas dilatadas tentam se adaptar a meia luz do quarto...
Os movimentos do amor se tornam cada vez mais evidentes e são tão perfeitos que parecem coreografados...
A temperatura elevada dos nossos corpos expulsa o frio que teima em entrar no ambiente...
Os músculos tensos demonstram que o ápice do envolvimento se aproxima...
E eis que o quarto é invadido por uma maré de gozo que nos inunda em prazer...
A lua se recolhe atrás de uma nuvem dando fim a noite de expressão amorosa...
E então descansamos em um abraço que comoveria ate o mais duro coração...